" A informação se transmite, o conhecimento é adquirido através de informações."concatenado por Brenda

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O Primeiro Ano do Resto das Nossas Vidas

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"Nós passamos no vestibular." ( Sujeito, Verbo, Preposição e Substantivo. - Ai, ai, Mattoso)

Passamos pelo degraus iniciais, cruzamos os umbrais de uma universidade pública. Cada um a sua maneira.
Conquistamos o primeiro espacinho na areia da praia lotada, a primeira chance de um lugar ao Sol.
Sim, nós passamos no vestibular para Universidade Pública!

Chegamos tímidos, caderninhos debaixo do braço. Pastinhas pra apostila, estojinho pras canetas coloridas. Xerox e mais xerox, devidamente tiradas no prazo e fichamentos rigorosamente feitos, à risca, segundo a ABNT.
E no papelzinho de fichamento!
haha.


Sim, nós passamos no vestibular e começamos a conhecer o lado de cá.
E, olha... é um pedaço de agonia, né não? (Deus... Pra que tantos símbolos fonéticos?)

Mas passaram-se os meses... dois semestres, voando e... Bom, feras. Conquistamos, né?
Durante esse ano tivemos a chance de nos conhecermos. De agregarmos valores vindos de nossos professores e também, dos nossos colegas. Crescemos uns com os outros.
Assim, quero comemorar hoje, o Primeiro Ano do Resto das Nossas Vidas


Mas, enfim, como tudo muda, tudo passa, quero dizer-lhes que, sendo um curso com períodos anuais, acabamos de nos livrar do título de feras.

Um pequeno passo pra quem quer que seja, mas um grande passo para nós, humanidade.

Assim, quero que agora possamos rever nossos conceitos. Segue algumas atribuições dessa nova fase de VETERANOS! (AwwwwwwyeaahhhhhhhH!)






Um brinde! Nós conseguimos!

( e como diz meu noivo: Bebamos, para que os peixes que nós comemos tenham onde nadar!)

Tim-tim! (Onomatopéia: é uma figura de linguagem na qual se reproduz um som com um fonema ou palavra)

Abaixo algumas reproduções fotográficas dos absurdos casos de coincidência pura (haha, vai nessa! Essa turma super trollou no amigo doce. Sem contar que Iara simplesmente esqueceu que era Amigo doce e decidiu fazer - sozinha - um amigo secreto. Professora bagunceira! haha) no último dia de aula, com sarau de um poema só!

:P




















                                                 E sim, cá estão eles! Os defenestradores :D



Ah, o post era pra ser sério?
haha

Relaxa, curte as férias!



:D


No mais, eu amo vocês, morro de saudades.
Sarau Lá Em Casa tá de pé.

:****



Melzinha.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

"Vida Maria"

Eu tentei passa essa animação em sala na aula de Prática pedagógica, mas o computador não funcionou na hora então para quem acompanha nosso blog aqui está ela , bom filme! 

"Vida Maria", curta de pouco mais de oito minutos, brilhou na terceira noite do Cine PE. A animação, produzida quase que inteiramente por Márcio Ramos, conta de forma concisa e com toques de humor a contradição entre os desejos pessoais e a realidade que se impõe a qualquer pessoa. 
"Vida Maria" tem como personagem principal Maria José, com seus sonhos interrompidos ainda criança, quando precisou abrir mão de suas descobertas, das letras, dos estudos, para se dedicar ao trabalho. Ela cresce, conhece Antônio e se casa, tem filhos, entre eles, Maria de Lourdes e aí mais um ciclo se repete, pois Maria José age com Lourdes exatamente como sua mãe agiu, reproduzindo o seu passado no futuro da filha.




Assim, com toques de humor, o diretor cearense consegue falar em oito minutos mais sobre a triste situação sócio-econômica vivida por muitas gerações do que qualquer dissertação acadêmica. 

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Por que tantos porquês?

Ainda no assunto das expressões que causam dúvidas, resolvi trazer mais uma que, por sinal, deixa muita gente confusa com suas QUATRO maneiras de se usar. Vamos a elas!


A língua portuguesa possui quatro porquês e ninguém entende o porquê de tanta confusão. Isso ocorre porque é necessário diferenciar suas funções. Mas por quêPorque os porquês podem ter função de substantivo, ser a junção de preposição com pronome interrogativo, ser uma conjunção subordinativa causal ou ainda ser o último elemento da frase. Não há por que se confundir porque tudo é muito simples. Bastam decorar as quatro situações, porque além delas, não existem outras. Não entendeu ainda. Por quê?




Os quatro tipos de porquês


Porquê: É um substantivo e por isso somente poderá ser utilizado quando precedido de artigo (o, os), pronome adjetivo (meu, este, esse, aquele, quantos) ou numeral (um, dois, três). Usa-se, quando puder ser substituído pela palavra Razão.
Ex: Dê-me um PORQUÊ do seu atraso. (Dê-me uma RAZÃO do seu atraso.)

Por que: Usa-se por que, quando podemos substituí-lo por: qual razão, pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais, por qual.
Ex: POR QUE ele não fez o exercício? (POR QUAL MOTIVO ele não fez o exercício?)

Porque: É utilizado ligando duas orações indicando causa, explicação ou finalidade. Podemos substituí-lo por: já que, pois ou a fim de que.
Ex: Ela não comprou PORQUE não quis. (Ela não comprou, POIS não quis.)

Por quê: É empregado em um caso único - final de frase ou quando a expressão estiver isolada. Sempre que a palavra que estiver em final de frase, devendo receber acento, não importando qual seja o elemento que surja antes dela.
Ex: Você não veio ontem, POR QUÊ?
      Você reclama de tudo, POR QUÊ, meu filho?




E Para finalizar, eu encontrei esse texto muito fofo na internet que eu e o meu grupo íamos apresentar num seminário que não deu certo, mas enfim, é assunto passado... chamado "Os porquês do porquinho" e é uma ótima sugestão para ensinar os pequenos  (os grandes que ainda não sabem diferenciar o uso deles também) de uma forma bem divertida:





Os porquês do porquinho

Aconteceu na Grécia.
Era uma vez um jovem porquinho, belo e bom, muito pequenino, cuja vida foi dedicada à procura dos porquês da floresta. Tal porquinho, incansável em sua busca, passava o dia percorrendo matas, cavernas e savanas perguntando aos bichos e aos insetos que encontrava pelo caminho todos os tipos de porquês que lhes viessem à cabeça. 
- Por que você tem listras pretas se os cavalos não as têm ? - perguntava gentilmente o porquinho às zebras. 
- Pernas compridas por quê, se outros pássaros não as têm? - indagava às siriemas, de forma perspicaz. 
- Por que isso? Por que aquilo? 
Era um festival de porquês, dia após dia, ano após ano, sem que ele encontrasse respostas adequadas aos seus questionamentos de porquinho. 
Por exemplo, sempre que se deparava com uma abelha trabalhando arduamente, ele perguntava por quê. E a pergunta era sempre a mesma: 
- Saberias, por acaso, por que fazes o mel, oh querida abelhinha? 
E a abelha, com seus conhecimentos de abelha, sempre respondia assim ao porquê
- Fabrico o mel porque tenho que alimentar a colmeia
Mas a resposta das abelhas não o satisfazia, porque eram os ursos os maiores beneficiados com aquela atividade. 
- Alguma coisa deve estar muito errada, porque eram os ursões que ficavam com quase todo o mel, sem ter produzido um pingo.- pensava o porquinho. 
Então, valente como os porquinhos de sua época, seguia pela floresta à procura de ursões, fortes e poderosos, ansioso por que eles soubessem a resposta. Quando encontrava um, perguntava: 
- Senhor, grande e esperto ursão, poderias me dizer a razão e solucionar o porquê da questão? 
E alguns ursos, mais exibidos, até tentavam responder, porque de mel eles entendiam muito, mas sobre trabalho... as respostas eram sempre do senso comum de ursão e não resolviam a questão. 
- Elas fabricam o mel porque ele é muito gostoso. – diziam uns. 
- Elas o fabricam porque o mel é delicioso. – diziam outros. 
Havia aqueles que se limitavam a olhar feio e, ainda, aqueles que até ameaçavam o pobre porquinho e iam embora, sem dizer por quê. Apesar disso, o porquinho seguia em frente. 
Um dia - porque toda história têm um dia especial - o porquinho encontrou um oráculo em seu caminho e resolveu elaborar o seu mais profundo porquê. Afinal, oráculo é para essas coisas. Então, ele perguntou com sua voz fininha, mas de modo firme e sonoro 
- Por que existo? 
Houve um profundo silêncio na floresta e o porquinho pensou que aquele porquê nunca seria respondido, afinal. 
Mas de repente, o oráculo falou, estrondosamente, porque era oráculo. 
- Procure o Sr. Leão, rei da floresta, e pergunte a ele por que você existe. Só ele lhe dará uma resposta adequada. 
Então, feliz, animado e saltitante, lá se foi o porquinho à casa do grande e sábio rei da floresta, carregando o seu também grande e sábio porquê
Ao chegar à casa do leão, o porquinho bateu à porta e, quando foi atendido por sua realeza, tratou logo de lascar o seu porquê mais precioso: 
- Sr. Leão, rei dos reis, sábio dos sábios, poderia Vossa Alteza me dizer por que existo? 
E o leão, porque era leão, respondeu mais que depressa. 
Nhac. 
Porque é o da história! 
Fim 

Clóvis Sanches


Beijos :*
Simony (Twitter: @Anany_Oliveira)
 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Expressões e Dúvidas



Esta semana, a nossa prof.ª de Língua Portuguesa (Iara Martins) nos passou um trabalho referente as expressões que causam dúvidas. Apresentarei a seguir as regras necessárias de cada uma delas para não causar nenhum tipo de dúvida na hora do uso das seguintes expressões:

Há/ A:
- Tempo passado. Substitui por FAZ e tem sentido de existe(m).
Ex.:  Sai pouco.
        alunos estudiosos.
A - Tempo futuro, Substitui por DAQUI e DAÍ.
Ex.: Sairei daqui a pouco.
     
Onde/ Aonde:
Onde - Em algum lugar (cessação de movimento).
Ex.: Moro onde não mora ninguém.
Aonde - A algum lugar (movimento).
Ex.: Você vai aonde?

Mal/ Mau:
Mal - é antônimo de bem.
Ex.: Todos falam mal (bem) de você.
Mau - é antônimo do bom.
Ex.: Ele é um menino mau (bom).

Está/ Estar
Quando se pode substituir por outro infinitivo, o correto é usar o termo ESTAR.
Ex.: Ele pode [está] ou [estar] certo.
A frase poderia ser: Ele pode ANDAR certo, portanto, usa-se ESTAR.
Se a frase fosse: Você [está] ou [estar] bem? 
Ela não admitiria a substituição por outro infinitivo como no exemplo acima, portanto, o correto é ESTÁ.


Menos/ Menas:
Menos é advérbio, portanto, é INVARIÁVEL.


Meio/ meia:
Concordam, normalmente, com o substantivo a que se referem.
Observação: MEIO, advérbio, é invariável.
Ex.: É meio dia e meia.
       Encontrei-a meio triste.






Então é isso, espero ter ajudado, até a próxima.


Simony.

domingo, 16 de outubro de 2011

III Encontro Nacional do JASBRA - Eu quero ir !!!


Jane Austen Brasil

O III Encontro Nacional do JASBRA, comemorando o bicentenário de Razão e Sensibilidade ocorrerá no Recife, de 12 a 15 de novembro, no auditório Manuel Bandeira da Livraria Saraiva no Shopping Recife. As inscrições para o evento são gratuitas e devem ser feitas  até a véspera do evento, ou seja, dia 11 de novembro.


Quem quiser, pode se inscrever para apresentar trabalhos no evento, devendo, para tanto, preencher este formulário até o dia 10 de outubro


Mais informações no site: http://www.janeaustenbrasil.com.br/2011/09/iii-encontro-nacional-do-jasbra-atencao.html

 E lá você encontra o link para inscrição


As informações desse post foram retiradas do site: http://www.janeaustenbrasil.com.br


Gostaria de reunir uma turma para ir, pois são apenas  dois dias :(


@Yonarah

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Curiosidades sobre o nosso amigo Português



Ninguém diz eu coloro esse desenho. Dói no ouvido. Portanto, o verbo colorir é defectivo (defeituoso) e não aceita a conjugação da primeira pessoa do singular do presente do indicativo. A mesma coisa é o verbo abolir. Ninguém é doido de dizer eu abulo. Pra dar um jeitinho, diga:

Eu vou colorir esse desenho.
Eu vou abolir esse preconceito.
Outro verbo danado é computar. Não podemos conjugar as três primeiras pessoas: eu computo, tu computas, ele computa. A gente vai entender outra coisa, não é mesmo? Então, para evitar esses palavrões, decidiu-se pela proibição da conjugação nessas pessoas. Mas se conjugam as outras três do plural:
computamos
computais
computam.



Coser significa costurar. Cozer significa cozinhar. Imagina você dizendo:
Vou coser umas batatas para o jantar




O correto é dizer deputado por São Paulo, senador por Pernambuco, e não deputado de São Paulo e senador de Pernambuco.



Descriminar é absolver de crime, inocentar. Discriminar é distinguir, separar. Então dizemos: Alguns políticos querem descriminar o aborto. Não devemos discriminar os pobres.


A confusão é grande, mas se admitem as três grafias: enfarte, enfarto e infarto.

Lembra-se dos verbos defectivos? Lá vai mais um: falir. No presente do indicativo só apresenta a primeira e a segunda pessoa do plural: nós falimos, vós falis. Já pensou em conjugá-lo assim: eu falo, tu fales...Horrível, né?



Todo mundo gosta de dizer magérrima, magríssima, mas o superlativo de magro é macérrimo.




Espero ter matado algumas dúvidas e que a curiosidade seja sempre boa...

@Yonarah

(Retirado da net)

domingo, 9 de outubro de 2011

Preciosa - Uma história de esperança


O meu post de hoje é uma indicação de um filme de altíssima qualidade que vimos na sala de aula no horário de Prática Pedagógica com o Professor Wallene. O filme apresenta características muito semelhantes a vida real e ele aborda como a educação é de extrema importância e crucial na vida de um indivíduo.

Preciosa tem 16 anos e engravida pela segunda vez do próprio pai, que a estuprava frequentemente. Sua mãe, preguiçosa, arrogante e abusiva é desprezada pelo seu marido e toda a sua raiva e ciúmes é descontada na sua própria filha. Todo este sofrimento gera consequências, como a falta de auto-estima que faz Preciosa se esconder do mundo e encobrir, por exemplo, o fato de não saber ler ou escrever. A jovem tem uma segunda chance graças a uma assistente social que a encaminha para uma instituição alternativa. Lá, Preciosa encontra a força para mudar o rumo de sua história...

A ideia do filme é mostrar ao publico que há uma solução, ou ao menos um amenização de certos traumas de infância, basta ter alguém que cuide e oriente os jovens da maneira mais viável, transmitindo carinho, afeto e uma boa educação, qualidades que Preciosa nunca recebeu de seus "verdadeiros" pais, e isso nos faz abrir os olhos para que fiquemos atentos a certas negligências e maus tratos que nos deparamos no dia a dia, mas que nunca interferimos em nada.

Deixo em anexo abaixo o trailer do filme como indicação aos educadores, ou apenas bons apreciadores de filmes de qualidade. Vale muito a pena assistir e refletir se a gente não reclama muito da boa vida que temos. Não deixem de ver!






Abraços.
Simony:
E-mail: anasimonny@hotmail.com 

sábado, 8 de outubro de 2011

Poesiando






Esses dias, num momento sem aulas, ficamos pelos corredores a conversar. Sim, nós, os defenestradores. O assunto era o mais diverso possível, passamos por livros, filmes, pessoas e poesia. Foi quando tive a gentil surpresa de descobrir que o meu noivo faz parte do círculo de leitura de Yonarah, nossa defenestradora. 

Não é por ser meu noivo e porque estou querendo mimar. Na verdade, o pernambucano em questão, é realmente um dos melhores escritores modernos que conheço. Adianto que a minha admiração pelo rapaz começou justamente pelos seus poemas. Depois esbarrei com o autor e... enfim, são anos já.

Ele despertou meu gosto pela literatura, me apresentou novos poetas, foi me abrindo as portas para um universo muito amplo e cheio de possibilidades. Por isso, quero apresentar o meu poeta. E nada melhor, que começar com um texto dele.




Meu novo e velho mundo imaginário



Se eu tivesse em mãos os poderes de um deus, ao invés de construir, eu destruiria tudo. E não levo mais que um dia fazendo isso. Começo por destruir todas essas invencionices modernas e dizimo todas as grandes e vaidosas cidades metropolitanas, junto com suas estatísticas de renda, miséria e consumo. Derrubo arranha-céus e no lugar deles levanto florestas densas e bonitas; colinas verdes e virgens cheias de lírios e girassóis, ao invés de morros e favelas. Destruo o asfalto e deixo somente a trilha lamacenta ligando os vilarejos separados por milhas e milhas de terra inabitada e ar fresco. Nos vilarejos, ponho crianças brincando na grama verde e molhada e assim expio os olhos tristonhos e amedrontados dos meninos e meninas dos tempos de aquecimento global e, não obstante, sombrios. E mais: em cada vila deve haver pelo menos uma taberna, grande e confortável, para o divertimento de todos. Deixo também que criem um panteão de deuses, pois nenhum deus quer a responsabilidade de tudo só para si. Então, podem criar deuses do que quiserem: do céu, do ar, da água, do fogo, do que seja, portanto que os cultuem, lutem e dêem a vida por eles. E derramem sangue, bastante sangue, porque eu estou somente mudando a disposição das coisas, mas a matéria é a mesma, a essência é a mesma, os bonecos são os mesmos homens de sempre, e se tratando dessa matéria, sangue e morte nunca deixarão de existir. Só não quero guerras disputadas em grandes salas frias, com super computadores que aguardam somente um comando para dizimar todo um povo. Não, essas guerras eu reprimo com veemência. Quero mais é a guerra frente a frente, face a face, e a contagem imediata de quantos caem no campo de batalha. Assim é mais emocionante, mais bárbaro e muito mais fácil de criar heróis e mártires, o que muito me alegra. Em tudo o que há no mundo agora, somente uma coisa permaneceria intocável: você. Seu brilho sobrevive através de todas as Eras do mundo, as possíveis e, inclusive, imaginárias.



Naufragado Poeta


O sol recifense desperta
E, espreguiçando-se ainda,
Livrando-se do torpor da noite,
Com seus primeiros e fracos raios de calor,
Depara-se com uma cena curiosa:


Eu vou, sozinho numa humilde canoa,
Remando com meus remos de plástico
Pela Bacia do Pina,
Como um sobrevivente de um naufrágio
Em busca da ilha perdida.


As águas estão calmas
E se vê as margens a terra lamacenta do mangue,
Enquanto a maré baixa
Contrapõe-se à enchente na minha alma.


As pessoas sobem a ponte lá em cima,
Dentro dos carros e ônibus
E me observam até a descida:


Tomam-me por pobre pescador,
Daqueles que nem
Rede de pesca
Tem.


Quando eu sou apenas um poeta
Fugindo do naufrágio da vida.



André Espínola




O moço é Pernambucano, do Recife.
Tem 26 anos.
É autor de  Escritos Desesperados (2007), Poemetos (2009)  Poeta Vagabundo e Papel higiênico de poesias imperfeitas (2009).

Pode ser lido em:

André Espínola - Blogspot
Interpoética - Cardápio de poesia - André Espínola
Recanto das Letras

Ah, sim, pra comprar, é aqui:
Escritos Desesperados

E eu sou fã de carteirinha de tudo que ele escreve. Ah, além de tudo, amo.





Beijos, meninos e meninas.


Melzinha.



sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sobre Esperanças


           Passei um tempo sumida daqui, porém não consigo nem quero deixar de vir aqui defenestrar ideias. Então eu voltei, mas dessa vez não para falar de gramática. É que hoje eu acordei com vontade de literatura. Com saudade de ler Clarice, a Lispector. Ela quase sempre parece saber exatamente aquilo o que eu queria dizer.
          Nos últimos dias eu estive pensando sobre Esperanças, assim mesmo... com plural, maiúscula e tudo: Esperanças
. Você já deve ter dito: “A esperança é a última que morre”. Mas o que é ter Esperança? Pra mim, ter esperança é esperar com fé, acreditar no amanhã, acreditar que o sol sempre vai nascer no dia seguinte, que as coisas vão dar certo. Enfim, esperança é isso aí: acreditar, mesmo quando você está cansado de tudo e o que mais quer é sair correndo, é quando quase não sobram forças e você ainda acredita!
Lembrei desse texto da Clarice sobre Esperança e quis compartilhar...
        
Uma Esperança
            Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto. Houve um grito abafado de um de meus filhos:
           - Uma esperança! e na parede, bem em cima de sua cadeira! Emoção dele também que
unia em uma só as duas esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não poderia ser.
          - Ela quase não tem corpo, queixei-me.
          -
Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele falava das duas esperanças.
           Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender.
           - Ela é burrinha, comentou o menino.
           - Sei disso, respondi um pouco trágica.
           - Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.
           - Sei, é assim mesmo.
           - Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas.
           - Sei, continuei mais infeliz ainda.
           Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar para que não se apagasse.
           - Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.
           Andava mesmo devagar - estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido sempre assim comigo. Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me parecia "a" aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a esperança.
Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente, confusa, sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a esperança:
          - É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte...
         - Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade.
         - Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros - falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o certo cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a empregada: eu lhe diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança.
           O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a esperança pousara em casa, alma e corpo. Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la. Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: "e essa agora? que devo fazer?" Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.
(Clarice Lispector)

E que nós não nos esqueçamos de facilitar o caminho da Esperança. O mundo está cheio de aranhas, mas às vezes a única coisa que a gente precisa é ter coragem de matá-las e deixar que a Esperança tome conta da casa, de corpo e alma.

 

  *
Esse verso foi tirado do blog da nossa defenestradora Mel.
Entre Versos e Riscos

“Para que eu consiga
ser esperançosa

Mesmo quando a porta
 
entreaberta
apenas mostrar os raios de escuridão
Que vem de dentro.

E que mesmo que aqui fora
a última luz também esteja esmaecendo.”
(Jessiely Soares)
 
(Talvez esse post esteja meio solto e  sem nexo. Acredite, está confuso até pra mim, principalmente pra mim. Mas é que às vezes faz um sentido enorme.)
Brenda*